Trabalho escravo ainda faz 20 mil vítimas no país, diz Ministério Público do Trabalho

Débora Zampier
Da Agência Brasil
Em Brasília
O Brasil ainda tem cerca de 20 mil trabalhadores que atuam em condição análoga à escravidão e os atuais métodos de combate à prática criminosa ainda não são suficientes para zerar a conta. Quem admite a situação é o Ministério Público do Trabalho (MPT) que lançou hoje (27) uma campanha nacional para sensibilizar a sociedade desse problema que persiste mais de um século depois do fim da escravidão no país. A campanha busca atingir empresários, sociedade e trabalhadores por meio de propagandas de TV, rádio e uma cartilha explicativa.
A ideia é mostrar que o trabalho escravo não se configura apenas pela situação em que o trabalhador está preso em alguma propriedade no interior, sem comunicação. “A legislação penal brasileira mudou em 2003 e incluiu condições degradantes de trabalho e jornadas exaustivas como situações de trabalho escravo. O trabalho escravo não é só o que tem cerceio de liberdade, pode ser psicológico, moral”, explica Débora Tito Farias, coordenadora nacional de erradicação do trabalho escravo do MPT.
Essa mudança na percepção está levando os órgãos fiscalizadores a encontrar novas situações de trabalho degradante também no meio urbano, como em confecções e na construção civil. A campanha pretende ajudar a sociedade a identificar e denunciar essas práticas. “A pressão social hoje é um fator muito importante em qualquer tipo de campanha. É importante que a sociedade perceba que a comida, o vestido pode ter um componente de trabalho escravo”, afirma o procurador-geral do Trabalho, Otávio Lopes.
Segundo o procurador, a compra de produtos que respeitem a dignidade humana deve ser vista da mesma forma que já ocorre com produtos orgânicos e com a preservação da natureza. Atualmente, uma lista do Ministério do Trabalho detalha os empregadores que submeteram trabalhadores à condição análoga a de escravo. Mais conhecida como lista suja do trabalho, a publicação tem hoje 210 empregadores listados.
Lopes afirma que o principal problema para zerar o trabalho escravo no Brasil é a reincidência, uma vez que muitos trabalhadores resgatados e não qualificados acabam voltando para a situação que tinham antes. “Quando tiramos aquela pessoa da situação de trabalho e não damos uma alternativa de qualificação, não estamos ajudando, estamos enganando.”
De acordo com o MPT, as parcerias para qualificação do trabalhador estão sendo firmadas com administrações estaduais e locais, de acordo com a necessidade econômica de cada região. 

Rompimento de tubulação fere cinco operários em Maceió

Fonte: Jornal Nacional 
Foto: Reprodução/TV Globo

Maceió/AL - O rompimento de uma tubulação feriu cinco operários da Braskem em Alagoas no segundo acidente em dois dias.
 
Os operários foram transferidos do pronto-socorro de Maceió para hospitais particulares. Dois tiveram que ser operados e, segundo os médicos, o quadro clínico deles é grave.
 
Os parentes estão perplexos. "Foram buscar meu filho no domingo, quando foi hoje de madrugada, de manhã fiquei sabendo desta notícia", contou o pai de uma vítima Amaro Alexandre Freitas.
 
Segundo a Braskem, os cinco funcionários terceirizados montavam os andaimes que seriam usados nos reparos de uma tubulação da unidade de produção de cloro da petroquímica. Foi quando outro duto se rompeu e os trabalhadores foram arremessados ao chão com violência.O local foi isolado. 
 
O Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Petróleo criticou as medidas tomadas pela Braskem. "A empresa deveria ter purgado todo o sistema, a fim de neutralizar, para que esse evento não viesse a ocorrer, não tivesse outra incidência", afirmou o diretor do Sindipetro de AL, Antônio Freitas.
 
Técnicos do Instituto do Meio Ambiente voltaram a vistoriar a companhia no dia 23. O Ministério Público Federal vai instaurar um inquérito para apurar as causas do acidente
 
"O inquérito civil público também serve para verificar a responsabilidade e servir para embasar uma ação judicial, que, aí sim, buscará responsabilização dos supostos responsáveis", declarou o procurador da República Rodrigo Tenório.
 
Foi o segundo acidente na indústria em menos de 48 horas.
 
Cloro
 A tubulação que se rompeu na madrugada do dia 23 de maio fica a dez metros da outra onde, no fim de semana, ocorreu um vazamento de cloro. 
 
Em poucos minutos, a nuvem tóxica chegou às comunidades no entorno da indústria. Ao todo, 152 pessoas foram hospitalizadas às pressas com sintomas de intoxicação. O pronto-socorro ficou lotado.
 
A Braskem informou que as causas do acidente devem ser conhecidas na semana que vem. Segundo a empresa, não há riscos para a população, porque a unidade está paralisada.

Vazamento em petroquímica intoxica 152 pessoas em Maceió; danos ambientais serão avaliados

 Fachada da empresa Braskem, onde vazamento de cloro gerou uma nuvem de fumaça e pânico em Maceió; veja mais imagens do dia
Foto: Beto Macário/UOL
Aliny Gama e Carlos Madeiro 
Especial para o UOL Notícias
Em Maceió 
Um grande vazamento de cloro na sede da empresa petroquímica Braskem, no bairro do Ponta da Barra, em Maceió, causou uma nuvem de fumaça tóxica na noite deste sábado (21) e levou 152 pessoas a buscar e superlotar o atendimento nos principais hospitais de urgência e emergência de Alagoas. Dessas, 22 eram crianças. Apenas uma pessoa segue internada.
Em nota, a empresa confirmou que houve vazamento às 19h38, sendo contido às 20h15. A princípio, moradores afirmaram ter ouvido a explosão, seguida de uma nuvem de fumaça branca.O acidente paralisou a produção industrial do setor 225, responsável pela compressão do vapor do cloro.
A empresa não soube explicar o motivo do acidente, mas neste domingo técnicos de outros Estados já chegaram a Maceió e começaram a analisar as causas do vazamento, que causou pânico aos moradores da região e deslocou todas as unidades de atendimento do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e do Corpo de Bombeiros da capital alagoana para remoção de pacientes.
Devido à proximidade, a população da região é treinada para agir em caso de acidente. Logo após o vazamento, a sirene de alerta tocou, mas as pessoas que estavam na praça Pingo D'Água, a maior do bairro, foram as mais atingidas, já que a empresa fica a menos de 1 km do local. Houve correria dos moradores, que tentaram a todo custo se proteger da fumaça. 
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, 130 pessoas foram atendidas com problemas causados por intoxicação no Hospital Geral do Estado, mas 129 já haviam sido liberados na manhã deste domingo. Apenas Fernando Aquino, 50, segue internado na Unidade de Terapia Intensiva, mas a informação é de que esse paciente já tinha problemas respiratórios, que podem --ou não-- ter sido agravados com a nuvem tóxica.
Dos 130 pacientes, 30 apresentaram os sintomas mais preocupantes e precisaram ficar em observação, mas passam bem. Já 22 crianças foram atendidas na clínica Dayse Breda na noite deste sábado, também em Maceió, mas receberam alta médica. 

Veja mais sobre: A multa e a região e a empresa

CNA lança programa nacional de educação postural na agricultura

Fonte: Ascom CNA


Brasília/DF - O Programa Trabalho Decente - Educação Postural, lançado no dia 10 de maio pela presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, tem o objetivo de orientar os trabalhadores e produtores rurais sobre as posturas corporais corretas para o exercício das atividades desenvolvidas nas propriedades rurais. O objetivo é prevenir acidentes e lesões de trabalho e, assim, garantir melhor qualidade de vida no campo. "A simples correção da postura na hora de exercitar os trabalhos no campo pode evitar problemas futuros de coluna e nas articulações", completou.

Segundo a fisioterapeuta especialista em ergonomia e uma das coordenadoras do projeto, Cláudia Rolim, "as lesões por esforços repetitivos são os problemas que mais afastam os trabalhadores de suas atividades. Por isso é importante estar sempre com a postura correta, ou seja, aquela que permite ter a liberdade de movimento. Ao falar sobre os equipamentos de proteção individual usados na atividade rural, o engenheiro de Saúde e Segurança no Trabalho, Eduardo Koizumi, explicou que cada equipamento possui a certificação para ser utilizado em determinada atividade e que não pode ser aproveitado para outra. "É muito comum os trabalhadores utilizarem um equipamento de segurança que não é apropriado para o seu trabalho, colocando o profissional em risco", ressaltou Koizumi.

Presente à cerimônia, a diretora da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil, Laís Abramo, ressaltou a importância de programas como o anunciado hoje pela CNA, como forma de garantir a integridade física e psicológica dos trabalhadores. Os conceitos da ergonometria serão apresentados a todos os produtores rurais, por meio de cartilhas e vídeos que serão elaborados pela equipe da CNA.

Confira o vídeo de lançamento do Programa Educação Postural no Campo:


Termo de Cooperação
Durante o evento, a presidente da CNA e do Conselho Deliberativo do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), senadora Kátia Abreu, e o ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho, assinaram um termo de cooperação para reabilitação de trabalhadores rurais com o objetivo de promover a reinserção principalmente de segurados e deficientes no mercado de trabalho. O ministro Garibaldi defendeu o "caminho da parceria" para que o Brasil continue a ser um dos países com maior proteção social de seus trabalhadores. "Temos uma das políticas mais abrangentes na comparação com outros países. Isso só mostra que estamos no caminho certo", destacou.

O Programa Mãos que Trabalham, desenvolvido pelo Senar, foi tema do secretário executivo do órgão, Daniel Carrara, que fez um balanço das atividades do programa criado para orientar os produtores rurais sobre o cumprimento da Norma Regulamentadora (NR) 31, que estabelece as condições de trabalho no campo. Segundo ele, nos últimos dois anos, mais de 11 mil propriedades rurais receberam visitas de técnicos capacitados pelo Senar. A secretária de Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego, Vera Lúcia Albuquerque, e a secretária de Inspeção do Trabalho do Ministério da Integração Nacional, Morgana Mendes, também estiveram na CNA.

Foto: Reprodução/vídeo

Com alterações

TST defende uma definição para o trabalho degradante

Fonte: Ascom CNA

Brasília/DF -
O presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministro João Oreste Dalazen, defendeu no dia 10 de maio a necessidade de uma definição clara sobre o conceito de trabalho escravo no Brasil, que siga o que determina a Convenção 29 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), e propôs um debate conjunto sobre o tema. A presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, aceitou o desafio e propôs a criação de um grupo de trabalho pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e a OIT, com a participação da CNA, para debater essas definições imprescindíveis para garantir a segurança jurídica no campo em relação à legislação trabalhista.

O tema foi tratado no dia 10, na sede da CNA, em Brasília, durante cerimônia de lançamento do Programa Trabalho Decente - Educação Postural, desenvolvido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). No evento, a presidente da CNA lembrou que um relatório da OIT, divulgado no ano passado, já havia apontado como um dos gargalos da legislação brasileira a indefinição sobre os conceitos de trabalho degradante e de jornada exaustiva. "O próprio relatório da OIT informa com veemência que é preciso um decreto do governo explicitando mais a lei. Trabalho exaustivo e degradante não tem definição clara", afirmou.

A presidente da CNA lembrou que esta indefinição prejudica os produtores rurais, que são penalizados por crimes que não cometeram. Muitas vezes a lei não é clara, como é o caso da legislação trabalhista para o campo. "A vida não é um mar de rosas. A legislação veio primeiro para a cidade", afirmou. Ao lembrar que a CNA não defende aqueles que agem de má-fé e não cumprem a lei, a senadora Kátia Abreu acrescentou que muitos produtores são incluídos injustamente na lista suja do trabalho escravo do MTE. Esses produtores são proibidos de vender grãos para tradings e não têm acesso às políticas de crédito, entre outras punições. "Tudo isso sem ser condenado. Até que consiga provar inocência, o homem está destruído e a propriedade, falida", lamentou a senadora. 

Veja o discurso completo do presidente do TST, ministro João Oreste Dalazen:
Com alterações