Médico do Trabalho aborda introdução da SST no serviço público

Data: 11/10/2010 / Fonte: Revista Proteção

Foto: Valdir Lopes

O médico do Trabalho e sanitarista Sérgio Antônio Carneiro está à frente de um grande desafio: implementar a saúde e segurança no Serviço Público Federal. Abrangendo mais de 250 órgãos e cerca de 540 mil servidores em todo o País, a iniciativa procura fazer aquilo que ainda não foi cumprido por nenhum governo: garantir condições adequadas de saúde e segurança aos seus empregados. O projeto quer colocar um ponto final na contradição existente até hoje em que o governo cobra das ­empresas privadas o cumprimento das normas de SST e a melhoria dos seus ambientes de trabalho e não dá o exemplo dentro de casa.

O médico Sérgio Antônio foi convidado para abraçar a causa que está sob a responsabilidade do Ministério do Planejamento. Atuando desde 1990 na implantação dos centros de referência em saúde do trabalhador, no Município e no Estado de São Paulo, e, depois, dirigindo o Departamento de Saúde do Servidor da Prefeitura de São Pau­lo, o especialista e mestre em Saúde Pública, deixa claro que "foi criada uma sustentação legal e uma estrutura, mas, o que pode garantir realmente a iniciativa en­quanto política de Estado é o envolvimento dos servidores e dos órgãos com a questão".

Sérgio tem 51 anos, é natural do Rio de Janeiro, mora com sua família atualmente em Brasília onde é diretor do Departamento de Saúde, Previdência e Benefícios do Servidor, órgão da Secretaria de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

PROTEÇÃO - O senhor teve longa expe­riência na coordenação do Programa de Saúde do Trabalhador do Município de São Paulo e também do Estado de São Paulo. Por quanto tempo permaneceu nestes cargos e que contribuições estas experiências lhe trouxeram?

SERGIO - Iniciei a minha carreira profis­sio­nal como médico do Trabalho em São Paulo quando fui convidado em 1990 para ser Coordenador do Pro­­grama de Saú­de do Trabalhador que estava iniciando na Prefeitura de São Paulo. Foi um momento importante aquele quando criamos u­ma rede de seis Centros de Referência em Saúde do Trabalhador, os chamados CRSTs, responsáveis por ações de vigilância aos ambientes de trabalho, diagnóstico de doenças re­lacionadas ao trabalho e apoio assisten­cial. Já em 1994 fui para a Coordenação do Programa de Saúde do Trabalhador do Estado de São Paulo e em 1995 fui nomeado Diretor Técnico da Divisão de Vigilância Sanitária do Trabalho da Secretaria de Estado da Saú­de - CVS/SP. Foi nesta condição que durante três anos, de junho de 1994 a maio de 1997, como representante da parte brasileira, coordenei o Projeto de Cooperação Técnica Bra­sil - Itália, denominado "Proteção à Saúde nos Ambientes de Trabalho". O projeto, financiado pelo governo italiano, implantou uma rede de 11 serviços de referência em saúde do trabalhador no Estado de São Paulo. Para isso, foi executado um projeto de formação e ca­pa­ci­ta­ção em saúde do trabalhador, aquisição de e­quipa­men­tos, implantação de sistemas de informação e um Centro de Documentação e Informação, que atualmente funciona no CVS. Aprendi com os italianos a planejar ações em saúde do trabalhador e a dar a devida importância para a articulação entre as áreas de formação, informação e comunicação em saúde.

PROTEÇÃO -  E com relação a sua atuação junto ao servidores públicos da Prefeitura de São Paulo? Como isso aconteceu e de que forma esta experiência lhe ajudou a atuar hoje na implantação de uma política de SST para os servidores públicos federais? SÉRGIO - Em janeiro de 2001 fui convidado para assumir o cargo de Diretor do Departamento de Saúde do Servidor da Prefeitura de São Paulo, onde permaneci até junho de 2005. Foi a minha primeira experiência de trabalhar especificamente com a área de saúde do servidor, pois antes, a minha atuação era com a área de saúde do trabalhador em geral. Neste período conseguimos unificar o Departamento Médico Pericial com a Divisão de Engenharia e Segurança do Trabalho possibilitando a relação entre perícia médica, vigilância e promoção à saúde. Implantamos naquela gestão medidas de humanização, agiliza­ção, transparência e descentralização da atividade pericial, de promoção à saúde do servidor e de capacitação em saúde do servidor.

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